Ovelhas inteligentes
Jesus é o nosso pastor. Tomando o exemplo de um pastor hebreu, ele
age, cuida, consola, exorta e dirige-nos pela caminhada até pastos
verdejantes e águas tranquilas. Somos ovelhas dele. Como tal, somos
fracas e totalmente dependentes. Traduzindo, temos plena noção de que,
para vivermos, tudo precisa vir dele. Não há nada em nós que nos dê
esperança ou confiança para vivermos sozinhas. Somos pobres de espírito.
Pobres de recursos. Confiamos somente em sua graça.
É muito arriscado viver, caminhar, avançar ou crescer longe de seus
cuidados, ternos e amáveis. Os problemas são os lobos, tentando minar
nossas vidas; além deles, temos os falsos pastores, com falsos ensinos e
apenas interessados no que temos para dar, sem alguma preocupação com
nossa alimentação, saúde e crescimento.
Mas há mais um detalhe nas ovelhas que Jesus não deixa passar
despercebido em sua parábola em João 10: elas são inteligentes. O que
elas têm de fraqueza, tem de inteligência. Para elas, não há dúvidas
quanto à voz e a autoridade de seu pastor. Pelo som apenas, sem precisar
vir, discernem se quem as chama é ou não o verdadeiro pastor.
Somente esse detalhe da parábola nos faz ver que não faz sentido a
ignorância quase generalizada assalta o rebanho brasileiro. Como tem
dificuldade em reconhecer quem lhes fala, quem lhes ensina. Pior,
aceitam tudo sem analisar, à luz das Escrituras, a procedência e a
conformidade com os ensinos de Jesus e chamam decríticos os que o fazem,
travestindo-se de uma falsa humildade por não julgar o conteúdo da
mensagem que recebem.
Parece que tudo se inverteu atualmente. O rebanho brasileiro é forte;
suas ovelhas, independentes. Não precisam de pastor. Confiam sua
própria sorte à emoção e à impressão, próprio ou de terceiros.
Alimentam-se de tudo e têm sua própria bússola. Não é em vão que há
muitas perdidas, precisando voltar aos “antigos caminhos”. Confiam em si
mesmas, em seu tempo de igreja, na função que desempenham, na
influência que exercem. A Palavra do pastor? Não precisam. A mensagem
chega direto pelo “profeta”, personalizada.
Mas sendo fortes, tornaram-se néscias. Não ouvem seu Pastor; por
isso, erram o caminho. Não O veem, logo não O seguem. Antes, o
mitificam. Têm noção de como Ele seja, reconhecem alguns de Seus
ensinamentos, mas ignoram pontos mais confrontantes e exigentes de Sua
mensagem. Portanto, não crescem, vivem doentes, com comportamentos
infantis. Não se doam, levam uma vida longe do recomendado a elas.
A Palavra de Deus permanece, meus irmãos. Ou confiamos em Jesus e sua
Graça, ou morremos. Ou damos à sua Palavra o valor que lhe é devido, ou
sofreremos por nossa ignorância. E dar valor a ela é submeter-se,
debruçar-se sobre seus ensinos até que eles sejam absorvidos e
transformem-nos; é rejeitar falsos ensinos e combatê-los, sob perigo de
desviarmos a rota que nos leva aos lugares que ele nos reserva; é ter
ouvidos acurados para somente dar atenção ao nosso Pastor.
Que o Senhor nos livre dos falsos pastores e dos lobos, mas que nos
livre de nossa própria ignorância e soberba, que tenta nos fazer achar
que Sua Palavra é substituível e sua voz apenas mais uma no meio da
multidão. Caso contrário, os pastos serão insípidos, insossos e
deletérios; a alma sempre amargurada pelas demandas da vida; o temor,
provocado pela ausência do pastor, um companheiro de jornada; e as águas
tranquilas, inatingíveis.
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